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Príncipes e Princesas: Desconstruindo Estereótipos nas Narrativas Modernas

Nos últimos anos, muitas histórias vêm desconstruindo o papel tradicional das

princesas, apresentando personagens femininas mais independentes e donas de

seus próprios destinos. No entanto, os príncipes ainda costumam ser retratados

dentro de padrões rígidos de masculinidade, muitas vezes resumidos à figura de

heróis perfeitos ou salvadores inquestionáveis.


No caso do novo filme da Branca de Neve, a Disney traz uma abordagem inovadora ao introduzir Jonathan, um príncipe que foge do arquétipo clássico. Ele não é herdeiro de um reino, mas sim um ladrão que defende os mais desfavorecidos, lembrando a figura de Robin Hood. Mais do que um simples interesse amoroso da protagonista, ele é um rebelde que luta contra a Rainha Má, apresentando-se como um herói relutante e multifacetado. Diferente do Príncipe Encantado das versões anteriores, Jonathan adiciona camadas à história e estabelece uma relação mais coerente com Branca de Neve, tornando a dinâmica entre os personagens mais rica e envolvente.


Essa releitura é interessante porque nos apresenta um príncipe que não precisa ser o herói absoluto nem o salvador da princesa. Pelo contrário, ele também está em uma jornada de autodescoberta, podendo ser sensível, inseguro e questionador.


Sua construção foge da obrigação de personificar uma masculinidade inabalável,

permitindo que ele expresse emoções e fragilidades sem comprometer sua força ou relevância na trama. Essa desconstrução não ocorre apenas no cinema. A literatura infantil também tem explorado novas representações dos papéis de gênero.


Um exemplo disso é o livro O Sapo que Não Queria Ser Príncipe, que apresenta um sapo que, ao contrário do tradicional príncipe encantado, não tem interesse algum em ser transformado, desafiando a expectativa de que deve seguir um papel predestinado para conquistara princesa.


Essa história subverte o clássico conceito de transformação e revela

uma visão mais livre e autêntica dos personagens, mostrando que todos têm o

direito de ser quem realmente são, sem a pressão de se conformar aos estereótipos

sociais.


Essas histórias reconhecem que não são apenas as princesas que

carregam uma persona construída em torno de aparências e expectativas; os

príncipes também enfrentam a pressão de corresponder a ideais de coragem e

heroísmo que muitas vezes ignoram sua humanidade.


Outro exemplo marcante é o filme Shrek, que também desconstrói os arquétipos

tradicionais. No início, Shrek é retratado como um ogro solitário e não convencional, desafiando a figura do príncipe heroico e perfeito.


Já a princesa Fiona, que inicialmente parece ser a típica donzela em apuros, revela-se uma mulher forte, decidida e com suas próprias vulnerabilidades. A história de Shrek e Fiona é um exemplo claro de que os príncipes e princesas podem ser imperfeitos,

multifacetados e, ao invés de se encaixarem em moldes rígidos, têm o direito de

buscar seu próprio caminho, viver suas próprias histórias e ser felizes do jeito que

são, sem a necessidade de se conformar aos padrões de beleza ou heroísmo

impostos pela sociedade.


A questão central não é uma luta contra os homens, mas sim contra a imposição de papéis rígidos que limitam a expressão da dor, do sofrimento e da fragilidade,

independentemente do gênero. Afinal, a violência e a opressão não são exclusivas

de um único sexo; elas podem ocorrer de mulheres para com homens ou entre

pessoas do mesmo gênero.


Como nos versos de Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré:

"Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão"

A canção, um hino de resistência e luta por direitos iguais, nos lembra que a

verdadeira batalha é por liberdade e justiça para todos.


Ao ampliar as possibilidades de representação nas narrativas, abrimos caminho para um mundo onde cada indivíduo possa ser reconhecido em sua complexidade, livre de estereótipos que o aprisionam. Afinal, como também diz a música:

"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer."


Por: Jakeline Plácido Marcon




 
 
 

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